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Induzir acção - o que é, para que serve?

Induzir acção consiste um procurar uma linha de jogo que faça que o nosso adversário invista dinheiro num pote com mãos que teria abandonado perante uma aposta normal.

As alternativas habituais para induzir acção é fazer check ou fazer apostas pequenas.

Passar é de longe a alternativa mais habitual. Usaremos essa alternativa quando não temos posição, ou quando temos posição e faltam streets de apostas posteriores.

Fazer uma aposta pequena é algo que usaremos quando não formos o jogador com iniciativa préflop e o rival passar.

Quando enfrentamos uma subida e queremos induzir, fazer call é a opção habitual quando temos posição, e fazer um reraise pequeno quando não a temos.

Porque é que queremos induzir a acção?

Induzir a acção é uma ferramenta muito poderosa que, quando funciona, nos permite obter valor de mãos que o nosso oponente teria abandonado perante uma aposta.

Quando conseguimos que o nosso adversário aposte com uma mão que não tem equity (por exemplo, quando induzimos um bluff no river), ganhamos 100% dessa aposta do nosso adversário. Isto é um lucro muito grande, e por isso devemos procurar as situações em que vamos obter valor desta forma.

Quando nos traz vantagens induzir acção?

Induzir a acção beneficia-nos quando o nosso adversário investe no pote com mãos com muita pouca equity que teriam abandonado se tivessemos adoptado uma linha forte.

Há vários factores a ter em conta na hora de decidir se queremos induzir acção:

- O range de mãos do adversário

- A vulnerabilidade da nossa mão contra este range

- A iniciativa preflop

- O nosso interesse em levar a mão a showdown

- A força da nossa mão

- A agressividade do nosso adversário

Range de mãos do nosso adversário

Quanto mais largo é o range de mãos do nosso adversário, mais mãos há no seu range que não ligaram com a mesa e mais provável é que tenha uma mão débil ou absolutamente nada e possa procurar fazer bluff. Há mais mãos que podem potencialmente apostar em bluff.

Também sucede que a maioria dos regulares jogam ranges mais amplos quando os nossos ranges são amplos. Quer dizer, os nossos adversários defenderão com muitas mãos na BB quando abrimos na SB , porque é uma situação onde esperam um range amplo da nossa parte.

Quando o nosso adversário pensa que temos um range de mãos amplo, é muito mais provável que faça bluff. A verdade é que também não teremos grande coisa em muitas ocasiões.

Por isso na zona de roubo, induzir acção é um recurso muito mais útil.

Vulnerabilidade da nossa mão

Quanto mais vulnerável é a nossa mão, pior é induzir a acção. Se deixamos o nosso adversário com uma mão que tem muita equity no pote, não estaremos a ganhar.

Por isso induzir acção é melhor quanto mais seca é a mesa, ou uma vez chegados ao river. Este é o motivo pelo qual, em mesas coordenadas, temos mais tendência a apostar no flop e turn, e passar no river: a nossa mão era vulnerável até ao river, mas uma vez que os projectos não se completaram pode valer a pena tratar de induzir acção aos seus projectos falhados em vez de apostar por valor.

Nas mesas secas, passar no flop ou no turn para induzir acção é bastante mais interessante já que a equity que damos quando temos a mão melhor é muito escassa.

Iniciativa preflop

Que a mesa seja ofensiva ou defensiva é um factor importante na hora de procurar induzir acção contra qualquer adversário observador. Se o adversário é um fish, podemos ignorar por completo este factor.

Se formos o jogador com iniciativa preflop, as mesas ofensivas serão piores para induzir acção já que o adversário pensará que ligamos mais vezes com a board. Por outro lado, as mesas defensivas serão mais favoráveis já que poderemos representar de forma credível que não conectamos com a board.

Se não temos iniciativa, a situação inverte-se.

O nosso interesse em levar a mão a showdown

Este conceito refere-se à nossa intenção, pela linha de jogo escolhida, de querer levar a nossa mão a showdown de forma económica. Quando chegamos ao river, podemos tê-lo feito de duas maneiras diferentes:

Demonstramos vontade de chegar a showdown

Demonstramos interesse em chegar a showdown de forma económica quando escolhemos estas três linhas de jogo:

Fazemos check/call em alguma ronda postflop (flop ou turn):

Ao não apostar e ao igualar, não estamos a aumentar de forma voluntária o tamanho do pote em bluff, mas não queremos abandonar.

Passamos, com posição, numa mesa ofensiva quando o nosso adversário passa, tendo iniciativa:

Não fazemos bluff numa mesa favorável quando somos o agressor pré-flop.

Passamos, postflop, num pote com 3bet ou 4bet preflop:

Não vamos aproveitar a nossa iniciativa após termos demonstrado muita força preflop, algo que normalmente faríamos com as nossas mãos mais fortes e quando não temos nada.

Quando demonstramos vontade de levar a mão a showdown de forma económica, o nosso adversário vai pensar que, geralmente, temos uma mão média ou débil que pode ganhar em showdown mas que não vai igualar sempre as suas apostas.

Não demonstramos vontade de chegar a showdown

Quando escolhemos qualquer outra linha de jogo, apostando ou fazendo raise às apostas do nosso adversário, as nossas acções não vão expor tão claramente a força da nossa mão.

Se apostamos no flop e no turn numa mesa ofensiva, e passamos no river, podemos não ter absolutamente nada e ter desistido de fazer uma terceira aposta em bluff. É muito menos provável que não tenhamos nada se apostamos se apostamos o flop e fazemos check/call no turn, e qualquer adversário decente vai saber disso.

Quando demonstramos vontade de chegar a showdown é menos provável que o nosso adversário tente fazer-nos bluff, e por isso, induzir acção demonstrando claramente vontade de chegar a showdown é pior quando a nossa mão é débil.

Este factor é importante contra os jogadores atentos. Da mesma forma que em casos anteriores, podemos ignorar isto conta fishes.

Tipo de Rival

Quanto mais vezes o nosso adversário tender a aproveitar a nossa demonstração de debilidade, melhor é induzir acção. Quanto mais agressivo seja o nosso adversário postflop e aposte um maior número de vezes com as suas piores mãos quando mostramos debilidade, mais frequentemente teremos sucesso com este movimento.

Podemos usar como valores orientadores a sua Bet when missed Cbet (será melhor induzir a acção contra adversários com valores mais elevados) e a seu Fold to Cbet to (será melhor induzir a aacção contra adversários com valores mais baixos)

Tipo de mão

Induzir a acção traz vantagens especialmente para as mãos que não perdem muito valor quando apostamos, e claro, para as mãos com as quais somos capazes de pagar as apostas que induzimos.

Vejamos que factores são relevantes para que decidamos induzir ou não induzir acção em função da força da nossa mão:

Mãos fortes ou melhores

A possibilidade de perder valor afecta especialmente as mãos fortes ou melhores. Com estas mãos um dos riscos de passar ou apostar pouco para induzir acção é que uma mão média que nos pagava uma aposta grande, agora passe ou pague uma aposta muito pequena. Quando isto sucede, estamos a perder valor.

Por isso com as mãos fortes ou muito fortes só vamos induzir acção (muitas vezes procurando fazer check/raise)quando o range do nosso adveersário tenha muitas mãos débeis que não nos vão pagar e quando, além disso, a nossa mão não seja vulnerável.

A respeito do tipo de adversário, para além das considerações habituais sobre a agressividade, devemos ter em conta que com estas mãos é muito pior induzir acção contra um jogador que leva a showdown mãos mediocres frequentemente, já que a aposta por valor é muito mais rentável.

Se a mesa é coordenada, induzir acção com estas mãos é especialmente perigoso, mesmo que a nossa mão não seja vulnerável, já que a carta da street seguinte pode mesmo impedir que mãos piores nos paguem, devido à sua desvalorização.

Existe uma situação pontual em que induzir acção com as mãos muito fortes pode valer a pena: quando temos monopolizada a mesa e, para além disso, as cartas futuras podem fazer que o nosso adversário ligue ou que nos tente bluffar.

Com ter a mesa monopolizada queremos dizer a ter conectado tanto que faltam cartas com as quais o nosso adversário pode ter ligado. Isto sucede nas mesas emparelhadas quando temos um Fullhouse ou um Poker. Para além disso, é impostante que a carta do turn possa trazer alguma mudança na mesa. Passar num mesa AhAd4d quando temos AcAs é pouco provével que mude alguma coisa, salvo se o nosso adversário ligar um Full com um par, com o qual nos vai pagar algumas apostas em qualquer caso.

Sem prejuízo, se temos ThTd numa mesa Tc3s3h, passar para induzir acção é uma alternativa muito boa já que há bastantes cartas no turn que podem ajudar ao nosso adversário ou fazer com que nos tente bluffar.

Mãos médias

Estas são as mãos que beneficiam especialmente com induzir acção, e é muitas vezes a nossa opção para elas. Inclusivé quando são vulneráveis é uma opção que não podemos descartar, sobretudo se os ranges dos nossos adversários são amplos.

Se quisermos induzir acção numa street de apostas e a carta seguinte não tiver acção, devemos considerar apostar por valor. Se a carta for dinâmica, podemos analisar voltar a deixar o nosso adversário apostar com as suas mãos piores.

Uma das vantagens de induzir acção com estas mãos é que inclusivé se o nosso adversário não é extremamente agressivo, nos depararemos com situações em que ele poderia roubar o pote com êxito se tivessemos apostado e ele tivesse decidido subir em bluff ou semi-bluff.

Escolheremos apostar por valor quando a mão seja muito vulnerável, o range do nosso adversário não seja excessivamente amplo e pensamos que não nos vai fazer raise demasiadas vezes. Normalmente, estas mãos podem apostar por valor no flop, mas beneficiam se induzirmos acção nas streets seguintes devido a ser menos vulnerável.

Mãos débeis

Este grupo de mãos, juntamente com as mãos médias, são as mãos mais interessantes na hora de decidirmos induzir acção. Neste caso, a dúvida provém da possibilidade de converter as nossas mãos débeis em bluffs, já que não existe a alternativa de apostar por valor.

Na realidade, com as mãos débeis não estamos a procurar induzir acção, no sentido de que não jogamos a mão representando mais debilidade da que lhe corresponde. A nossa mão é débil, e estamos a jogar de acordo com a nossa mão. Sem embargo, esta forma será a mesma que usamos para induzir com as mãos mais fortes (precisamente porque é como jogamos as mãos débeis!).

Sempre que não convertamos a nossa mão num bluff, procuraremos a possibilidade de induzir acção. Com estas mãos, em muitas ocasiões, chega a valer a pena nem apostar no flop, algo que faremos contra os adversários mais duros e agressivos e contra fishes, procurando que eles apostem com mãos piores.

Não esqueçamos que optar por uma linha que possa induzir acção não nos compromete com o pote. Só pagaremos as apostas do nosso adversário se cremos que no seu range há bluffs suficientes.

Não temos nada

Quando não temos nada, induzir acção não tem sentido. Não podemos pagar em qualquer caso se o nosso adversário aposta, pelo que o objectivo é tentar roubar o pote se possível, e abandonar em caso contrário.

Resumo

Induzir acção consiste em jogar uma mão como se fosse uma mão débil para que o nosso adversário, recebendo esta mensagem, aposte como bluff com as piores mãos do seu range para nos tentar roubar o pote.

O nosso objectivo é tentar obter valor dessas mãos que não nos poderiam pagar uma aposta em caso de termos apostado.

Existem seis factores a considerar para decidir se queremos ou não induzir acção numa mão:

- O range de mãos do adversário

- Vulnerabilidade da nossa mão

- Iniciativa pré-flop

- Vontade de chegarmos a showdown

- Tipo de adversário

- Tipo de mão

 

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