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O Outro Lado de: Bernardo Coelho

Aproveitando a habitual pausa de verão, que este ano será ainda mais prolongada para os jogadores nacionais, decidimos conversar com alguns jogadores, que se destacam também noutras áreas.

Para primeira entrevista escolhemos um campeão, que tem um trabalho que podemos apelidar de trabalho de sonho para milhares de homens deste país: publisher da Playboy.

Falamos de Bernardo Coelho, que nas mesas tem por melhor resultado uma vitória num Big Lisboa de 2014 e um ITM no Main Event PokerStars Caribbean Adventure de 2015 (único português nos prémios).

Quem é Bernardo Coelho?
É sempre difícil falar sobre mim, mas o Bernardo é um jovem de 37 anos, nascido em Lisboa, que até ao inicio da idade adulta achou que ia ser biólogo.

Basta escrever o teu nome no Google e aparecem vários resultados sobre a tua actividade profissional - fotografia. Como é que chegaste a este mundo? Era um hobby que se tornou uma profissão, ou sempre tiveste o sonho de trabalhar neste ramo?
Nunca tive o sonho de trabalhar nesta área. Por volta de 2005, quando estava a fazer o estágio de fim de curso em Engenharia Biotecnológica, talvez na fase profissional menos satisfatória da minha vida, uma série de coincidências fizeram com que assistisse a uma pré-campanha eleitoral para as Presidenciais de 2006. Foi um dia carregado de adrenalina, adorei ver o trabalho dos jornalistas. Cheguei a casa e disse que afinal queria ser fotógrafo. Mandaram-me sentar e esperar que passasse a vontade, mas sabia que aquilo não era apenas um capricho de filho único, mas sim uma verdadeira mudança na vida. Poupei, comprei a minha primeira Canon e fui tirar o curso de fotografia a preto e branco no CENJOR. No fim do curso, o meu pastor-alemão, o Diniz, apanhou a máquina no jardim e comeu-a! Sem ser em funerais, acho que foi a única vez que chorei em adulto. Mais tarde fiz um estágio no Correio da Manhã, onde no primeiro dia fiz logo capa, com uma foto da Nelly Furtado. Pensei que ia ser canja, mas foi dificílimo, passavas directamente do estádio da Luz, para um homicídio num talho em Camarate, de uma Expo Noivos para uma rusga num bordel perto da IC19. Deu-me muita estaleca.

Recentemente assumiste um novo projecto e num novo papel, o de publisher da Playboy Portugal através da tua empresa - Black Rabbit. Como é ter um trabalho que deve ser o sonho de milhares de homens?
Foi um processo natural, na qualidade de fotógrafo tinha trabalhado para a Maxmen, Maxim, FHM, Playboy, Penthouse, Revista J... Entretanto, durante esse percurso abri empresas de comércio online, que cresceram rapidamente, o que me fez ganhar imenso gosto pela gestão. Recentemente vendi a minha participação e com esse capital resolvi arriscar quase tudo (um all in técnico). Fui buscar a marca Playboy, após esta ter falhado duas vezes num passado recente, por motivos totalmente distintos.

Durante a fase de edição, consegues manter a tua poker face?
Quando estamos a fechar cada número da revista é impossível ter poker face, é uma semana super divertida na redacção, mas também de algum nervosismo, para cumprirmos os prazos. Uma grande parte dos conteúdos da Playboy entram no campo da subjectividade, ou se gosta ou não se gosta. Somos cinco rapazes e uma rapariga e temos muitas discussões internas saudáveis.

Agora que temos a Playboy de regresso ao mercado português, para quando um torneio organizado pela revista, com a presença de algumas coelhinhas no nosso país?
Curiosamente conheci o poker através da Playboy. Fui a Las Vegas fotografar e fomos convidados a ir às WSOP. Fiquei espantado, não imaginava que os jogadores de Poker davam autógrafos e eram tratados como estrelas ou atletas de elite. Voltando à tua pergunta, temos essa ambição desde o início, fazer uma liga de Poker da Playboy que encaixe com as nossas 10 edições anuais. Não só é bom para as vendas da revista, mas também para o Poker nacional, já que ajuda a desmistificar alguns tabus e preconceitos que ainda existem sobre a modalidade.

Ronaldo e Bernardo Coelho na PCA 2015

Deixando a brincadeira de lado, e fazendo a ponte para o mundo do poker, consegues identificar alguma situação profissional onde a tua experiência enquanto jogador de poker, te tenha sido útil?
Saber gerir bem uma banca de poker pode ser bastante útil para o mundo dos negócios, que muitas vezes falham, não porque as ideias são más ou as pessoas são parvas, mas sim por falta de liquidez. Mas aquilo em que acho que o poker pode ajudar mais no dia a dia, é no custo/benefício. Muitas vezes na vida e no poker estou “à frente”, mas compensa pagar para ver? “Foldar” à frente é uma grande qualidade.

Obrigado Bernardo pela disponibilidade e simpatia!