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Visão do repórter Ricardo “Cacopt” Pinto nas Bahamas

O PokerPT.com esteve no PokerStars Caribbean Adventure 2009 e não há melhor evento para contar o que se passa nos bastidores. Tudo começou com um dia bem doloroso e frio mas acabou no calor das Caraíbas…

Saímos de Portugal no Dia 2 de Janeiro em direcção a Londres. Fomos na RyanAir, que é sinónimo de fome e lugares apertadinhos. Eu, o Jomané e o João Barbosa íamos com a alma quente, só de pensar no destino final. Chegamos a Stansted, em Londres, um frio de rachar e bater o dente, e estivemos mais de 1 hora à espera das malas… Mas sempre com confiança. Mais de 30 minutos para passar o passport control mas nada nos desmoralizava. Apanhamos uma camioneta em direcção a Heathrow e mais duas horas de sofrimento!

Chegamos ao aeroporto, tivemos de procurar o Holiday Inn onde iríamos descansar umas horas. Com todos estes atrasos, acabamos por ficar 3 horas num quarto minimamente quente e deu para descansar qualquer coisinha… às 8 da manhã estávamos no check in e tudo melhorou. Entramos no novo Boeing 777 e tivemos tudo a que temos direito! Cadeiras espaçosas, cada uma com o seu ecrã, telefone, consola de jogos (incluindo blackjack, poker, tetris, mini golf, etc…) dezenas de filmes e séries de televisão, CDs, informação do voo, etc… A comida era excelente, o conforto reinava e deu para passar pelas brasas…

Depois de um voo imaculado, aterrávamos em Miami. Estávamos a apenas uma horas de chegar às Bahamas. Mais um voo, desta vez um avião a hélices com 80 pessoas. O Jomané achou que era um gajo importante e decidiu ir num voo sozinho. (enganamo-nos a marcar o voo…). Finalmente estávamos em Nassau nas Bahamas, sentia-se o calor típico da zona e, depois do Jomané chegar, fomos para Paradise Island, sede do Atlantis Resort.

O Atlantis Resort é algo de inacreditável… Apesar de termos chegado à hora de jantar, deu para perceber que estávamos num sítio que nem os nossos mais loucos sonhos teriam imaginado. Apenas no dia seguinte teríamos noção da dimensão e qualidade… Chegados ao quarto, foi o choque total… Uma casa de banho gigantesca com jacuzzi, um quarto com duas camas de casal que pareciam nuvens, uma sala com um segundo plasma de 50’’ e sistema surround da Bose. Mas o melhor estava reservado na varanda. Uma vista de perder a cabeça. Podem rever este momento no meu vídeo de cuecas!

Mas isto foi de manhã. No dia de chegada, à noite, ainda deu para ir beber um caneco à discoteca lá do sítio onde encontrei uma das minhas bebidas favoritas. Grand Marnier Cuvée Speciale Cent Cinquantenaire. Como a própria marca defende no seu slogan “Hard to find, impossible to pronounce and prohibitively expensive”. O custo fica no segredo do Deuses…

Só depois de fazermos aquele vídeo é que tivemos noção do que era o verdadeiro Atlantis Resort. O Atlantis é o paraíso na terra. Há tudo lá dentro. Sem excepção. Golfinhos, tubarões, lojas de luxo, restaurantes, bares, 11 piscinas, praia, casino, water slides, jet skis, golf, tenis, excursões, spa, corridas de carros, discotecas para miúdos, discotecas para adolescentes, discotecas para adultos, cinema, etc, etc, etc... Um verdadeiro mundo. O Paraíso…

Mas optamos por uma saída de grupo, visto que tínhamos o dia livre, e fomos todos para uma excursão de barco, na tentativa de visitar uns corais e nadar com tubarões e barracudas. Foi um dia de emoções fortes onde todos se divertiram! Quando chegou o momento forte, o de nadar com tubarões, apenas eu, o Jomané e o Oversleep tivemos os “cojones” de entrar na água e nadar com os tubarões… Posso afirmar que não tivemos medo mas também não havia uma sensação de segurança…

Regressados ao Resort, duas horas de descanso e fomos para a Festa da PokerStars. Esta foi, sem dúvida, a melhor festa organizada num torneio de Poker. Milhares de pessoas, bar aberto de comida e bebida, música, animação, centenas de caras conhecidas e boa disposição. Claro que bebemos uns canecos a mais e deu para rir. O momento alto da risota chega quando o Lostlucky é encontrado por um jogador seu conhecido e é cumprimentado com dois beijos. Entre franceses, tudo bem… Quando se misturam com os nossos, a situação é completamente embaraçante. O Lostlucky nem sabia bem o que fazer…

Terminada a Festa, fomos para a Imperial Ballroom onde havia dezenas de mesas de cash games. Não queria passar ao lado da acção e fui jogar NL 1/2. Já tinha saudades de uma coisa destas e soube-me pela vida. Para além de ter saído a ganhar, ainda tive o prazer de jogar com o Victor Ramdin, profissional da PokerStars. Risota geral e só foi lá para se divertir e deixar uns 400 ou 500 dólares. Mal acabou a massa, foi jogar NL 25/50… Ficava uma cadeira de vago e entrava o Diogo “Segrob” Borges para dar um show de Poker. Um verdadeiro player. Só visto. Uma mão especial, não me lembro bem da acção mas estavam 3 jogadores na mão, incluindo o Diogo. A dealer dá o flop mas estávamos todos na amena cavaqueira… Quando o Segrob vê o flop sai-se com a frase “All Spades?!?!?!?! If I win this hand, I’ll give 25% to the dealer!”. Começa um festival de bet, raise e re-raise, all in on de Segrob vira sjs9 enquanto que o adversário norueguês tinha s8s2. Estava drawing dead e Segrob lá teve de dar uma gorjeta “milionária”…

Era tarde, no dia seguinte era dia de trabalho e fomos descansar.

Depois tivemos 3 dias de intenso Poker, conforme se pode ver no Report PokerPT.com e não houve tempo para aventuras… Quer dizer, de manhã dava para uma volta no Lazy River, um percurso de água que dava a volta ao Atlantis sentados numa bóia, a aproveitar o sol…
Ao 4º dia de torneio é que tomamos a decisão de nos recompensar pelos duros dias de trabalho. Assim, logo pela manhã, fomos até ao Mandara Spa. Requinte, tranquilo, massagens, circuito de águas, sauna, banho turco, tudo que um trabalhador tem direito! Depois de uma horinha de puro relax, eu e o Jomané achamos que era altura de colocar o sangue a correr nas veias. Para isso, fomos até ao Leap of Faith, um escorrega com uma inclinação de 150 graus onde atingimos velocidades superiores a 50 Km/h enquanto atravessamos um túnel aquático dentro de um lago cheiro de tubarões. Difícil de compreender mas lá fomos… E adrenalina não faltou. Estivemos uns bons 5 minutos a olhar cá para baixo a ver se havia “cojones”. E houve. Para mim e para o Jomané, foram os 4 segundos mais longos da nossa vida.

Regressei ao trabalho e vi o João Barbosa ser eliminado. Neste momento convem recordar mais dois grandes resultados para o Poker nacional. João “Jomané” Nunes fez o seu maior cash de sempre e foi o primeiro português a estar ITM num PCA! Logo no dia a seguir, João “joaobarb” Barbosa faz o seu 4º ITM em 6 EPTs, incluindo uma vitória!!!! Não há melhor!

Infelizmente não havia mais nenhum tuga em prova e era a altura perfeita para aproveitar o resto do Resort. Desde esse momento até vir embora, aproveitamos ao máximo tudo que havia à nossa volta. Passamos o resto do dia a “pastar” junto às piscinas, no lazy river, etc... Depois sentimos a tentação de experimentar o Aquaventure, um edifício enigmático com formato extra-terrestre de onde partiam 4 ou 5 escorregas de água pouco ortodoxos. Só experimentamos um mas deu para perceber a problemática da coisa. Às 17h terminava toda a acção das piscinas e era necessário regressar ao nosso Palacete para descansar...

Depois de uma grande jantarada no buffet, fomos para os cash games onde fiquei a olhar para o tecto. Foram todos jogar e fiquei sentado a “vê-las” passar. Por ter um Press Pass, fui obrigado a assinar uma declaração em como não podia jogar. Nada. Em lado nenhum... Para estar a trabalhar nas Bahamas, a PokerStars teve de pedir uma licença de trabalho temporário ao Governo das Bahamas que me permitiria exercer a minha função. Como esta durava até à saída do país, restou-me ir descansar que no dia seguinte havia mais actividades. Ainda mais excitantes...

Eu e o Jomané levantamo-nos às 8.30 da manhã e fomos tomar o pequeno-almoço. Pelo preço dos jantares, que rondavam os $100(!), era de esperar que também fosse caro. E não desiludiu. $45 por pessoa por uns Corn Flakes, ovos e bananas... havia mais coisas mas foi o que comemos!

Estávamos numa de aproveitar o dia de sol, e fomos dar duas voltas ao Lazy River. No meio da passeata encontramos o LostLucky e decidimos ir fazer algo mais. Fomos em direcção à praia onde cada um alugou uma mota de água. Umas Yamaha 750 em bom estado que prometiam mas o mar estavam com umas ondas de 1 metro, o que tornava tudo mais complicado e duro. Devo dizer que o Lostlucky é completamente destemido nestas coisas. Foi acelerar a fundo e só víamos o rasto de água de um lado para o outro. O Jó era mais cauteloso e eu era o meio-termo. Mas tive o meu momento senil. Decidi arrancar a fundo contra as ondas, como já tinha feito antes, e comecei a dar uns saltos e a bater nas ondas com toda a potência da mota. Mas claro que tinha de acontecer o pior... Reuniram-se um conjunto de ondas que encaixaram na perfeição no andamento da mota e proporcionou-se que descesse uma onda a fundo e, por azar do ca*****, seguiu-se a maior onda do dia. Sem nunca desacelerar, subi a parede da onda e tirei a mota da água uns bons 2 metros. Se fosse filmado, devia estar com uma cara de pânico a rivalizar com os melhores filmes de terror da década de 80. Mas isto não foi o pior. Durante o voo, o meu corpo distanciou-se da mota mas nunca a larguei. Na altura de aterrar, consegui acertar com os pés no sítio devido mas bati full power com os tintins no banco da mota... O Jomané veio imediatamente ter comigo a ver o meu estado de saúde e restou-me ficar 2 ou 3 minutos em repouso à espera que aquela dor, que aperta todos os órgãos do corpo, passasse. Terminado este doloroso processo de recuperação, restou-me passear pelo Mar das Caraíbas ou parte dele pois ainda não descobri se Bahamas são Caraíbas ou não...

Voltamos para terra e tínhamos mais um grande plano alinhado. Fomos nadar com os golfinhos!

Um ambiente totalmente Poker pois estavam lá pessoas como o Akkari, Phil Galfond, Thomas Kremser, etc... Primeiro estivemos a fazer festas aos golfinhos, depois fomos nadar com eles acompanhados de uma scooter, e logo de seguida seguiram-se as actividades da praxe. Fotos a dar beijos, estar dentro de água e ser empurrados pelos golfinhos, dançar com eles e essas coisas que ficam sempre na memória como uns momentos bem passados.

Quando pensávamos que conhecíamos tudo, falaram-nos numa outra piscina privada. Assim que nos aproximamos, começamos a ouvir música a subir de volume. Parecia uma espécie de discoteca mas em pleno dia e ao ar livre. Depois de conseguirmos entrar, pois é vedada a apenas alguns hóspedes do Atlantis, deparamo-nos com algo fabuloso. Uma área de lounge, com camas no meio da piscina, onde música, topless e rum eram uma constante. A piscina era aquecida, tudo na água a beber cocktails, a curtir o som e a apanhar sol. Mais um bom momento para recordar. Não, não gravei nada nem tirei fotos. Sorry...

A estadia estava perto do fim e restava apenas uma última noite. Fomos jantar todos juntos. João Barbosa, Roberto Machado, Diogo Borges, Diogo Veiga, Manuel Allen, Ricardo Sousa, João Nunes e eu. Um belo restaurante italiano, conforme se vê nos filmes da Máfia, onde as doses individuais dão para 4 pessoas. Comemos até empurrar com o dedo e siga para os cash games. Mais uma vez, a minha acção era limitada e decidi beber dois cocktails e voltar para a Mansão. Comecei a fazer as malas e a pensar que mais umas horas e teria de deixar o paraíso.

Restava a parte da manhã de dia 10 de Janeiro. Mais uma volta no Lazy River, mais um hot dog junto a uma das piscinas e voltávamos para o quarto para o preparativos finais. Nesta última visita ao quarto fiz-me acompanhar do cocktail típico da ilha, o Bahama Mama. Extremamente alcoólico, devo ter bebido umas dezenas deles, mas este teve um sabor especial.

Estávamos com tudo arrumando mas ainda deu para estar na varanda durante uns 5 minutos, a fumar um cigarro, a beber o Bahama Mama e a contemplar tudo o que tínhamos feito e tudo que iríamos deixar para trás... E custou virar costas.

A partir dai, foram 23 horas até chegar a casa. Sim, viemos de hélices, estivemos em Miami, voamos no B777, estivemos em Londres e chegamos a casa. Mas todos com a mesma ideia. Depois de Paradise Island, nada será igual. O padrão de qualidade é de tal forma elevado que fará tudo o resto parecer mediano ou fraco.

Resta-me dizer que em termos de Poker, é um bom torneio. Em termos de local, não há melhor. É mesmo o Paraíso na Terra.